Campos de girassol na China dependem de mantas plásticas para conservar água e calor, mas esses filmes de polietileno deixam um legado de microplásticos difícil de retirar. Um estudo conduzido pela Hebei Agricultural University, avaliou um filme biodegradável que some no solo após a colheita e aumenta a produtividade.
Além de medir temperatura, umidade e rendimento, eles sequenciaram bactérias e fungos em nichos do solo para entender como cada cobertura influencia a vida microscópica que sustenta a cultura.
O novo filme usa polímeros derivados de amido que as próprias bactérias transformam em água e dióxido de carbono poucos meses depois de aplicado. Durante o ciclo do girassol, a manta preta de 0,08 mm aumenta a temperatura do solo em cerca de 2 °C e retém 9 % mais umidade, criando um microclima estável que acelera o crescimento.
Na colheita, o girassol coberto por DF alcançou produtividade média de 4,45 toneladas por hectare, superando as 3,97 t ha-¹ obtidas com CF e as 3,34 t ha-¹ no solo sem cobertura. Esses ganhos vêm sem expandir a área plantada nem elevar o uso de fertilizantes, demonstrando que a tecnologia traz retorno econômico imediato.
A equipe analisou a biodiversidade do solo e descobriu que o filme biodegradável não só evita poluição como também favorece microrganismos úteis. No solo a granel e na rizosfera, o índice de Shannon aumentou, indicando comunidades mais ricas e equilibradas.
Principais destaques observados:
Esses micróbios formam redes de co-ocorrência mais conectadas sob DF, trocando enzimas e nutrientes que beneficiam planta e solo. A maior atividade de urease, catalase e fosfatase alcalina reforça o ciclo virtuoso: mais enzimas liberam mais nutrientes, que estimulam raízes vigorosas, gerando exsudatos que alimentam nova vida microbiana.
Sem cobertura, as comunidades microbianas se organizam por sorte: deriva e dispersão aleatória dominam. Com o filme biodegradável, a seleção ambiental se torna determinística; o solo a a funcionar como um condomínio planejado, onde cada espécie cumpre um papel definido.
Esse rearranjo reduz a competição prejudicial entre fungos, simplifica as redes fúngicas e aumenta a eficiência na absorção de água e nutrientes. O resultado é um girassol que enfrenta melhor o clima semiárido e aproveita cada gota de irrigação.
A pesquisa mostra que o filme biodegradável vai além de ser um substituto “verde” para o polietileno. Ao estimular microrganismos benéficos, ele combina conservação de recursos, redução de resíduos e intensificação sustentável num único pacote tecnológico.
A lição é clara: inovação agrícola não se resume a sementes ou tratores; começa nos invisíveis habitantes do solo. Fortalecer essa aliança entre planta, filme biodegradável e microbioma pode aumentar a produção de alimentos sem ampliar a pegada ambiental, ajudando a alimentar um planeta em mudança.
Degradable film mulching recruited beneficial microbiota and increased rhizosphere bacterial diversity in sunflower. 27 de maio, 2025. Meng, T., Bu, H., Zhang, X. et al.