Como será o clima na primeira quinzena de junho

Junho começou com frio intenso no centro-sul do Brasil, mas será que ele continua? Confira o que esperar do clima nas próximas semanas.

inverno junho
Anomalias positivas de chuva na região Sul e nova onda de frio estão na mira da primeira quinzena do mês.

Junho começou com temperaturas muito baixas no centro-sul do Brasil, sob influência de uma forte massa de ar polar que atua desde o fim de maio. No dia 1º, a menor temperatura registrada oficialmente pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) foi de 1,1°C em Quaraí (RS), com formação de geada. Outros pontos do Sul registraram geada, enquanto cidades de São Paulo e Minas Gerais também registraram temperaturas de apenas um dígito.

Temperaturas mínimas registradas pelas estações meteorológicas oficiais do INMET no dia primeiro de junho e registro de geada. Créditos: INMET. Será que este frio veio para ficar? Confira como será o clima na primeira quinzena de junho. ENSO, Oscilação Madden-Julian e Oscilação Antártica O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENSO) está atualmente em fase neutra, com temperaturas do oceano Pacífico próximas da média. Assim, sistemas atmosféricos de mais alta frequência devem influenciar o clima da quinzena.
Temperaturas mínimas registradas pelas estações meteorológicas oficiais do INMET no dia primeiro de junho e registro de geada. Créditos: INMET. Será que este frio veio para ficar? Confira como será o clima na primeira quinzena de junho. ENSO, Oscilação Madden-Julian e Oscilação Antártica O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENSO) está atualmente em fase neutra, com temperaturas do oceano Pacífico próximas da média. Assim, sistemas atmosféricos de mais alta frequência devem influenciar o clima da quinzena.

Será que este frio veio para ficar? Confira como será o clima na primeira quinzena de junho.

ENSO, Oscilação Madden-Julian e Oscilação Antártica

O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENSO) está atualmente em fase neutra, com temperaturas do Oceano Pacífico equatorial próximas da média. Assim, fenômenos de mais alta frequência devem influenciar o clima da quinzena.

Anomalias de TSM (esquerda) nas regiões de monitoramento (direita, superior) do ENSO e média das anomalias de TSM no último mês (direita, inferior). Créditos: adaptado de C/NOAA.
Anomalias de TSM (esquerda) nas regiões de monitoramento (direita, superior) do ENSO e média das anomalias de TSM no último mês (direita, inferior). Créditos: adaptado de C/NOAA.

Atualmente, a Oscilação Madden-Julian (MJO) permanece fraca e desorganizada, e embora os modelos indiquem uma possível propagação das fases 4 para 7-8 nas próximas semanas (que potencialmente poderiam influenciar o extremo norte da Amazônia e litoral do Nordeste nesta época) há grande incerteza quanto à intensidade e à coerência do sinal.

Diagrama de fases da MJO (esquerda) e regiões de influência da MJO na precipitação entre maio a setembro (direita). A Oscilação Antártica (AAO) atualmente está em sua fase negativa, e deve permanecer assim durante a primeira semana de junho, trazendo condições favoráveis para a agem de frentes frias, cavados e áreas de baixa pressão na região Sul, tornando o tempo instável e propício à chuva.
Diagrama de fases da MJO (esquerda) e regiões de influência da MJO na precipitação entre maio a setembro (direita). Créditos: C/NOAA.

Já Oscilação Antártica (AAO) atualmente está em sua fase negativa, e deve permanecer assim durante a primeira semana de junho, trazendo condições favoráveis para a agem de frentes frias, cavados e áreas de baixa pressão na região Sul, tornando o tempo instável e propício à chuva.

Índice AAO observado e previsões (esquerda, C/NOAA), esquema da fase positiva (direita, superior, C/NOAA) e efeitos da fase positiva na América do Sul (direita, inferior, Reboita et al., 2021).
Índice AAO observado e previsões (esquerda, C/NOAA), esquema da fase positiva (direita, superior, C/NOAA) e efeitos da fase positiva na América do Sul (direita, inferior, Reboita et al., 2021).

Já a partir da segunda semana, os modelos climáticos indicam uma transição para a fase positiva da AAO. Nesta fase, ocorre um padrão em “tríplice”: a precipitação é desfavorecida no Sul do Brasil, mas favorecida no Sudeste, onde mais ciclones tendem a se formar perto da costa.

Previsão de anomalias de temperatura e precipitação

Ao longo da primeira semana de junho (02 a 09) a massa de ar polar perde força, e as anomalias de temperatura tendem a ficar negativas apenas no extremo sul do Rio Grande do Sul, e essencialmente positivas no restante do país.

Já na segunda semana (09 a 16) o padrão de temperaturas abaixo da média indicam que uma nova massa de polar vai atingir o centro-sul do Brasil, enquanto o Nordeste e parte do Centro-Oeste tendem a ter temperaturas acima da média.

Previsão de anomalias de temperatura ( superior) e precipitação ( inferior) para a primeira quinzena de junho. Créditos: ECMWF.
Previsão de anomalias de temperatura ( superior) e precipitação ( inferior) para a primeira quinzena de junho. Créditos: ECMWF.

As tendências de precipitação para a primeira semana do mês (02 a 09) indicam um evento de chuva na região Sul com anomalias significativas de até 90 mm entre o norte do Rio Grande do Sul, centro-oeste de Santa Catarina e do Paraná, enquanto o restante do país terá precipitação entre a média e ligeiramente abaixo da média.

Enquanto na segunda semana (09 a 16 de junho) a região Sul tende a ter precipitação abaixo da média, enquanto a região Sudeste e parte da região Norte tendem a ter precipitação acima da média. Isso corrobora com os padrões previstos para a AAO e MJO discutidos anteriormente.