Pesquisas sobre a sobrevivência de astronautas no espaço em futuras missões espaciais não param… Depois de cultivarem vegetais no espaço, agora, pesquisadores ses têm um plano mais ousado: criar peixes na Lua para servirem de alimento para futuros astronautas. Entenda melhor abaixo.
O projeto se chama Lunar Hatch e tem como responsável o biólogo marinho Cyrille Przybyla, do Instituto Nacional Francês de Pesquisa para a Exploração do Mar (Ifremer). O objetivo final é instalar um sistema de criação de peixes na superfície lunar e, futuramente, em Marte, para alimentar astronautas em missões de longa duração.
Segundo Przybyla, o peixe seria o alimento ideal no espaço. "O peixe é fácil de digerir, rico em proteínas, ômega 3 e vitaminas do complexo B, essenciais para a manutenção da massa muscular", afirmou ele em um comunicado.
O objetivo do projeto é enviar ovos fertilizados do peixe robalo à Estação Espacial Internacional (ISS); eles eclodiriam durante o trajeto e os filhotes seriam lá monitorados, até serem trazidos de volta à Terra.
Mas outras espécies de peixe já estiveram no espaço antes, como Fundulus heteroclitus, barrigudinhos e peixes-zebra; eles foram usados para experimentos sobre o impacto da microgravidade. Contudo, esta é a primeira vez que eles seriam levados ao espaço para cultivo e uso como fonte regular de alimento.
A ideia do projeto é criar uma “cadeia alimentar de circuito fechado” na Lua, usando uma série de compartimentos. Os primeiros tanques seriam preenchidos com água derretida do gelo encontrado no fundo de crateras dos polos lunares.
As águas residuais produzidas pelos peixes nesses tanques seriam usadas para produzir microalgas, as quais poderiam então ser usadas para alimentar organismos filtradores (como os bivalves). E as fezes do robalo no primeiro tanque seriam tratadas por camarões e vermes, que, por sua vez, serviriam de alimento para os peixes.
“O objetivo do Lunar Hatch é não gerar desperdício. Tudo é reciclado por meio de um sistema de aquicultura que precisaria ser autônomo por quatro a cinco meses”, disse Przybyla.
E de acordo com os cálculos, para fornecer duas porções de robalo por semana para sete astronautas em uma missão com duração de 16 semanas, seriam necessários cerca de 200 peixes.
O projeto já recebeu apoio da Centre National D'Études Spatiales (CNES), a agência espacial sa, e simulações com ambiente de microgravidade já foram realizadas aqui na Terra. Dois embriões fertilizados dos peixes aram a agitação durante um lançamento espacial simulado, sem apresentar deformações. Segundo o biólogo, os resultados obtidos foram positivos e o próximo o é partir para o mundo real.
“Fizemos todas as simulações possíveis que pudemos em terra, então o objetivo agora é ter uma missão espacial para verificar esses dados e assim podermos examinar a diferença com um grupo de controle de peixes que permanecem na Terra”, apontou Przybyla.
Sea bass in space: why fish farms on the moon may be closer than you think. 28 de abril, 2025. Kim Willsher.
Cientistas querem criar peixes na Lua para alimentar astronautas. 30 de abril, 2025. Isabela Stanga.