Você já parou para pensar se estamos preparados para a próxima pandemia? Essa é uma questão que foi discutida nesta semana em Genebra, na Suíça, onde foi assinado um acordo internacional. Enquanto as nações ainda lidam com os efeitos duradouros da COVID-19, os líderes de saúde adotaram um plano que permite uma resposta rápida e eficaz na próxima crise, protegendo vidas e meios de subsistência.
Na 78ª Assembleia Mundial da Saúde, o principal encontro de saúde das Nações Unidas (ONU), autoridades de vários países abordaram temas importantes, como preparação para pandemias, riscos ligados ao clima, saúde mental, cuidados com a maternidade e justiça ambiental.
Assim, na última terça-feira (20), os Estados Membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) adotaram durante a Assembleia, formalmente e por consenso, o primeiro Acordo sobre Pandemias do Mundo. Uma decisão histórica que é resultado de mais de três anos de intensas negociações iniciadas pelos governos em resposta aos efeitos da pandemia da COVID-19, com o objetivo de tornar o mundo mais bem preparado e de promover uma resposta mais equitativa diante de futuras pandemias.
Neste artigo contamos quais as questões de destaque da Assembleia e que fortalecem o acordo alcançado. Veja abaixo.
A COVID-19 mostrou que existem grandes desigualdades no o a diagnósticos, tratamentos e vacinas, tanto dentro dos países membros, quanto entre eles. Os serviços de saúde ficaram sobrecarregados, as economias sofreram e milhões de vidas foram perdidas.
Por esse motivo, os países membros trabalharam juntos para criar um acordo que tornasse a resposta a futuras pandemias mais justa e eficiente. Este acordo levantou algumas questões delicadas, como a soberania dos países e os direitos de propriedade intelectual.
Após muitos dos países mais pobres terem ficado sem vacinas e diagnósticos durante a pandemia da Covid-19, o acordo quer garantir que medicamentos, terapêuticas e vacinas sejam íveis globalmente quando a próxima pandemia chegar.
O clima em transformação não afeta só o estado do tempo, mas também a saúde das pessoas. Eventos climáticos extremos e surtos de doenças estão aumentando e colocando milhões de vidas em risco. A OMS propõe que as políticas de saúde e de clima trabalhem juntas para fortalecer comunidades vulneráveis e garantir recursos para enfrentar os seus efeitos nefastos.
Uma versão preliminar do plano foi publicada após uma resolução adotada na conferência de 2024, e os delegados devem finalizar a versão preliminar este ano, a qual deve incluir estratégias para adaptação e mitigação dos riscos à saúde relacionados com o clima.
Garantir que todas as pessoas têm o a serviços de saúde de qualidade é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que todos os Estados-membros am em 2015. Porém, na prática, os avanços têm sido lentos e estagnados nos últimos anos e, por esse motivo, na Assembleia, os delegados discutiram formas de fortalecer os sistemas de saúde, garantir financiamento sustentável e cuidar melhor das populações mais vulneráveis.
Um dos objetivos é garantir que os fabricantes destinem 20% das suas vacinas, medicamentos e testes à OMS durante uma pandemia, para que os países mais pobres tenham o.
Anualmente, quase 300 mil mulheres morrem por complicações na gravidez ou parto, e mais de dois milhões de recém-nascidos morrem no primeiro mês de vida. Para mudar essa realidade, a OMS lançou uma campanha para acabar com essas mortes evitáveis, incentivando os governos a priorizar a saúde das mulheres e dos recém-nascidos.
Doenças cardiovasculares, cancerígenas e diabetes matam milhões de pessoas por ano, especialmente em países mais pobres. Muitas dessas vidas podem ser salvas com ações mais fortes e íveis, como exames, tratamentos e cuidados paliativos. O o a medicamentos e tecnologias de saúde para enfrentar essas doenças e também a saúde mental foi um dos temas discutidos nesta Assembleia.
Este não tem sido um ano fácil para a OMS, com cortes de financiamento de alguns países, incluindo os Estados Unidos, que abandonaram esta organização da ONU, no primeiro dia do regresso de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro.
Para manter o trabalho da OMS, os países estão negociando um aumento de 50% no orçamento básico, além de procurar contribuições voluntárias, o que ajudará a fortalecer a organização em tempos difíceis.
Este Acordo foi aprovado com 124 a favor, 0 contra e 11 abstenções, entre elas Eslováquia, Polônia, Itália, Israel, Rússia e Irã, e tendo sido já contestado pelos EUA, em particular pelo secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr, que classificou a organização de “inchada” e "moribunda".