No reino silencioso da natureza, quando o sol se retira e a lua se instala, desenrola-se um espetáculo fascinante. Algumas plantas, longe de dependerem da luz do dia para o seu "romance floral", evoluíram para seduzir na escuridão da noite.
Trabalhar à noite implica alguns desafios, como a ausência do tipo de luz que o sol fornece. Em vez disso, as plantas e os polinizadores têm de desenvolver formas de utilizar outros corpos celestes como alternativa.
Foi assim que estes companheiros noturnos se adaptaram à vida, tendo apenas a lua e as estrelas como orientação.
Enquanto a maioria das flores procura o brilho do sol para atrair polinizadores, algumas se adaptaram para florescer sob o céu noturno.
Para que as plantas se reproduzam, é fundamental que a sua interação com os fatores bióticos, como os insetos polinizadores -, e os abióticos - como as condições físicas do ambiente, seja bem-sucedida.
Uma pesquisa do Instituto Mediterrânico de Estudos Avançados e do Instituto de Produtos Naturais e Agrobiologia de Espanha mencionam as seguintes características como as principais adaptações das plantas para a polinização noturna.
Se é fã de botânica e uma coruja noturna por natureza, é provável que em um dos seus eios - dependendo do local onde vive, claro - se depare com as belas flores de plantas como a Hylocereus undatus, mais conhecido por pitaia, ou o Cestrum nocturnum, conhecido por "dama da noite".
Ao contrário da polinização diurna, em que as flores e os seus polinizadores estão ativos ao mesmo tempo, a polinização noturna requer uma sincronização precisa.
A evolução a este ritmo biológico permitiu que estas espécies particulares sobrevivessem numa relação constante de "win-win".
Para tal, é necessário que as plantas disponham de mecanismos para atrair eficazmente os polinizadores (como descrito acima), enquanto estes devem ser capazes de detectar e decifrar eficazmente os sinais que a planta envia para o ambiente, em uma competição contínua pelos recursos, que, aliás, são limitados.
No caso da polinização diurna, há uma rainha que foi identificada como a mais importante, a abelha. Pois bem, a noite também tem uma rainha da polinização, a traça.
Um estudo da University College London publicado na revista The Royal Society aponta-as como participantes fundamentais em muitas redes de polinização, incluindo a das flores silvestres ou nativas encontradas em paisagens agrícolas, onde as traças foram observadas a visitar plantas que nem sequer são habitualmente visitadas pelas abelhas.
Há outros animais que contribuem para esta importante missão noturna. Um artigo no website da da Brightly Eco menciona os 6 mais relevantes:
A polinização noturna recorda-nos que a natureza tem uma capacidade inesgotável de nos surpreender e maravilhar.
Na penumbra da noite, um mundo vibrante e cheio de vida floresce, provando mais uma vez que a beleza e a inovação da natureza não conhecem limites, nem mesmo na escuridão.