Há anos que os cientistas fazem soar o alarme: as populações de abelhas e de outros insetos polinizadores estão a diminuir. De quem é a culpa? Pesticidas, destruição do habitat, parasitas e alterações climáticas formam um cocktail mortal. No entanto, sem estas pequenas forrageiras, toda a nossa produção alimentar está em perigo.
De acordo com o relatório especial da IPBES sobre polinizadores, polinização e produção alimentar, 90% das plantas com flores silvestres dependem da polinização animal e 35% da produção alimentar mundial depende diretamente dessa polinização.
Os números falam por si: 16,5% dos polinizadores vertebrados estão ameaçados de extinção, um valor que sobe para 30% no caso das espécies insulares. Na Europa, 9% das espécies de abelhas e borboletas estão ameaçadas e as suas populações estão a diminuir para 37% das abelhas e 31% das borboletas.
Além disso, a polinização animal contribui para 5% a 8% da produção agrícola mundial, que em 2016 representava um valor de mercado estimado entre 235 mil milhões e 577 mil milhões de dólares por ano.
O MIT está a responder a este problema com uma invenção surpreendente: nanodrones prontos para substituir as abelhas!
Há três semanas, investigadores do MIT apresentaram o seu nanodrone polinizador. Este modelo não tenta copiar exatamente a abelha. Equipadas com uma única asa que bate, estas pequenas máquinas voadoras são mais estáveis e mais rápidas: atingem 35 cm por segundo e podem pairar durante 17 minutos.
This fast and agile robotic insect could someday aid in mechanical pollination: With a new design, the bug-sized bot was able to fly 100 times longer than prior versions.https://t.co/ovFuOnbT3y
— Microsystems Technology Laboratories (@microsystechlab) January 24, 2025
A sua principal vantagem? Não têm medo dos pesticidas nem das vespas asiáticas. Ao contrário das abelhas, não desaparecem após a exposição aos neonicotinóides. Este é um argumento que os promotores estão a apresentar para justificar o seu interesse. Mas será que é realmente uma vitória?
A ideia de substituir as abelhas por robôs pode parecer brilhante no papel, mas levanta algumas questões sérias. Em primeiro lugar, de um ponto de vista técnico, a instalação de milhares de milhões de drones para assegurar uma polinização eficaz representa um desafio colossal. Cada parcela agrícola teria de ser equipada, mantida e abastecida de energia.
Depois, há a questão ecológica: a produção destas máquinas não é neutra. Os materiais necessários, a energia consumida, a gestão dos resíduos, tudo isto pode ter um impacto ambiental significativo. Para não falar do risco de dependência das empresas que concebem e controlam estas tecnologias.
Por último, as abelhas fazem mais do que polinizar: contribuem para a biodiversidade, alimentam outras espécies e produzem mel. Substituir um ecossistema vivo por máquinas é o mesmo que negar a interconexão fundamental dos seres vivos.
O verdadeiro perigo destes drones não é a sua existência, mas a ilusão de que poderiam resolver a crise. Não seria melhor atacar as causas do desaparecimento das abelhas? Porque enquanto se investe em soluções artificiais, os pesticidas continuam a ser reintroduzidos, comprometendo ainda mais as populações naturais de insetos.
Em vez de procurar substituir os seres vivos, não seria mais sensato protegê-los?
As recomendações dos peritos são claras: promover a diversidade dos polinizadores, incentivar uma agricultura mais sustentável e reduzir a utilização de pesticidas são soluções muito mais viáveis a longo prazo.
Suhan Kim et al., Acrobatics at the insect scale: A durable, precise, and agile micro–aerial robot.Sci. Robot.10, eadp4256 (2025). DOI:10.1126/scirobotics.adp4256
Zewe, A. (2025, 15 janvier). This fast and agile robotic insect could someday aid in mechanical pollination. MIT News.
Lupieri, S. (2025, 12 février). Pollinisation : des nanodrones pour remplacer les abeilles. Les Echos.