Em meio ao enorme agito da cidade do Rio de Janeiro, essas vilas são como uma espécie de refúgio, oferecendo tranquilidade e contato com a história carioca, mas longe do burburinho urbano.
Esses locais oferecem bem-estar em espaços preservados, uma conexão mais estreita entre os vizinhos e sem deixar a memória da cidade carioca de lado. Além disso, elas são mais íveis financeiramente do que outros bairros. Ou seja, elas se resumem em uma alternativa segura e acolhedora em meio ao crescimento da cidade.
Essas vilas estão escondidas por várias partes da cidade e conquistaram o coração de muitas pessoas que buscam por qualidade de vida sem ter que se distanciar do trabalho e que ainda tenha conveniências como metrô próximo e comércios.
Uma dessas vilas é a Saavedra, um oásis arquitetônico formado por 30 casas geminadas. Localizada em frente aos jardins do Palácio do Catete, tem como único o um lindo portão em ferro na Rua Silveira Martins. Os moradores precisam cruzar um extenso corredor com luminárias originais até entrar na área principal da vila.
Outra delas é a Vila Tijuca, que como o próprio nome diz, fica na Tijuca, zona Norte do Rio de Janeiro. Restaurada em 2010 e tombada desde 2015, a vila tem casinhas coloridas e aconchegantes, além de um jardim amplo.
“ (...) aqui é a simulação de uma cidade do interior. (...) somos uma grande família, falamos com todo mundo, entregamos encomenda uns para os outros e por aí vai”, comenta Lissandra Vieira, uma moradora da vila.
Também a Vila Abrunhosa, que fica na Rua da agem, em Botafogo, na zona Sul carioca. A vila tem 50 casas geminadas de 70 metros quadrados, com dois pavimentos revestidos em pó de pedra, datados de 1932. Segundo os moradores, o lugar é bastante tranquilo, um ambiente familiar e onde as crianças podem correr à vontade.
Essa vila foi construída pelo português Manuel Abrunhosa, e já foi moradia do compositor brasileiro Ary Barroso. Há cerca de 30 anos, foi tombada pela prefeitura, tornando-se um patrimônio cultural do Rio de Janeiro, ou seja, não pode sofrer alterações de qualquer natureza.
A Vila do Castelinho, na Rua Araxá, no Grajaú, zona Norte carioca, é outra dessas vilas tranquilas. Foi construída em 1949, e sua entrada é ladeada por duas torres em estilo medieval. A arquitetura nesse estilo medieval remete às lonjuras do século 11. Apesar de as torres não fazerem parte da vila (elas são prédios e cada uma delas tem seis apartamentos), o nome se popularizou e se espalhou na região.
Outra vila que chama a atenção pelo aspecto bucólico e pela tranquilidade é o Bairro São Jorge, que fica na Rua do Catete, zona Sul carioca. Com um pórtico de azulejos brancos com desenhos azuis, a vila tem 48 residências em nove blocos escada acima. Foi construída pelo Comendador Alexandre Herculano Rodrigues no início do século 20.
Os moradores sempre comentam sobre a tranquilidade que se tem no Bairro. E o ar bucólico dá a impressão de que nem estamos na cidade agitada do Rio de Janeiro.
Para o professor de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), essas vilas resgatam os costumes de décadas. “As vilas no Rio aram a existir a partir de 1850 e eram fundamentais, pois reuniam famílias e comunidades. As primeiras pessoas que foram escravizadas e conquistaram sua liberdade viviam em vilas pobres, onde criaram um senso novo de família”, disse ele.
E além de proporcionarem qualidade de vida e um ambiente mais tranquilo, as vilas são um alívio para o bolso, já que o custo para viver nessas casas é menor, se comparado com o custo condominial.
Vilas cariocas: um paraíso em meio ao agito urbano. 01 de março, 2015. Rodrigo Bertolucci, Simone Candida e Ludmilla de Lima.
Conheça as vilas cariocas escondidas: um lugar de sossego em meio ao burburinho urbano do Rio. 08 de dezembro, 2024. Vittoria Alves.