Na última quinta-feira, dia 14, foram divulgadas as últimas atualizações de previsão do fenômeno El Niño - Oscilação Sul (ENOS), em particular da sua atual fase fria conhecida como La Niña, que se encontra reforçada e deve continuar pelo outono e inverno, com possibilidade de atuar também durante a próxima primavera e o verão.
Foi exatamente isso que foi mostrado na mais recente previsão probabilística feita em conjunto pelo C/NOAA (Climate Prediction Center da National Oceanic and Atmospheric istration ) e IRI (International Research Institute for Climate and Society), com 89% de chance de continuar durante o outono, de 59 a 73% de atuar no inverno e de mais 50% de influenciar o clima da próxima primavera e verão, o que na visão no mês de março não chegava em 40%.
Um dos fatores determinantes e de acompanhamento das condições oceânicas do Pacífico Equatorial, é o comportamento das águas em profundidade desde a região Niño 1+2 até a Niño 4.
️ Onda de Kelvin continua com dificuldades de se propagar. O resultado disso foi a intensificação das anomalias negativas no Niño 3.4 neste começo de outono.
— Tiago C. Robles (@tiagocrobles) April 17, 2022
Esse foi um dos fatores que contribuíram para o aumento da probabilidade do #LaNiña nos próximos meses. pic.twitter.com/bHGSz01qt3
Na animação acima vemos que as águas mais aquecidas sofreram uma “quebra” desde o final de fevereiro, não conseguindo avançar para leste e se mantendo a oeste na região Niño 4. Assim, águas mais frias ganharam força na porção central reforçando o fenômeno La Niña neste início de outono, como foi previsto anteriormente.
Como o modelo CFSv2 era um dos poucos que apontava essa intensificação do fenômeno, a realização de tal cenário proporcionou uma mudança nas condições iniciais dos demais modelos utilizados e nas percepções do corpo técnico do C e do IRI, aumentando a probabilidade até o fim deste ano.
Essa dificuldade de propagação da “Onda de Kelvin” deve continuar e, mesmo com o enfraquecimento das anomalias negativas de temperatura do Niño 3.4, o fenômeno La Niña se mantém influente até pelo menos durante o inverno, segundo o modelo CFSv2.
Assim, deve-se tomar muito cuidado ao incluir na análise todos os modelos mostrados pela previsão do C e IRI e se deve considerar e acompanhar as condições realizadas e quais modelos se encontram mais coerentes, mesmo que estes sejam minoria, como foi o caso do modelo CFSv2 da NOAA, que se mostra o mais coerente com as realizações.
Não é muito comum termos três anos consecutivos com La Niña e um persistente ao longo de todo um ano.
Os eventos mais recentes consecutivos ocorreram de 2010 a início 2012 e de 1998 até o primeiro trimestre de 2001, sendo neste último com La Niña atuando ao longo de todo 1999 e 2000. Depois deste exemplos, somente mais 3 eventos ocorreram: 2 na década de 1970 e outro na década de 1950.