A atual crise mundial desencadeada pela pandemia da Covid-19 poderá ser responsável pela maior redução das emissões de carbono já registrada! Ao longo da história do planeta foram registradas reduções das emissões de CO2 (gás carbônico/ dióxido de carbono) durante grandes crises mundiais, como guerras, recessões ou outras pandemias, porém nenhuma delas teve um impacto tão grande comparada a atual pandemia do coronavírus.
O gráfico abaixo, elaborado pela BBC, ilustra a evolução das emissões de CO2 por ano desde o início do século ado, evidenciando o aumento exponencial das emissões ao longo do último século, quebrando recordes de emissões nos últimos anos da série. Como mostra o gráfico, algumas crises mundiais históricas foram responsáveis por diminuições significativas na quantidade de CO2 emitido, mas nenhuma delas supera a queda projetada para o ano de 2020!
Uma análise feita pela Carbon Brief sugere que a pandemia pode causar um corte de emissões da ordem de 2 bilhões de toneladas de CO2 (BtCO2) neste ano. Essa estimativa é equivalente a 5,5 % do total global emitido em 2019. Já a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) prevê um impacto maior, sugerindo que as emissões de CO2 poderão cair 8% nesse ano, cerca de 2,6 BtCO2. Esses cenários indicam que a redução desse ano seria 6 a 8 vezes maior que a observada na última recessão global.
Para manter o planeta no caminho certo e mantermos o aquecimento global abaixo do limite de 1.5°C até o final do século, o mundo precisaria que essa taxa de redução de emissões se mantivesse. Glen Peters, pesquisador do Centro Internacional de Pesquisas Climáticas e Ambientais (Cicero), disse a BBC que a redução observada nesse ano é o tipo de redução que precisamos todos os anos para atingirmos zero emissão em 2050.
Analysis: Coronavirus set to cause largest ever annual fall in CO2 emissions | @DrSimEvans https://t.co/lFCKMpWeAN pic.twitter.com/agtvCmElw4
— Carbon Brief (@CarbonBrief) June 3, 2020
Isso quer dizer que as emissões de CO2 irão diminuir a partir de então? Isso depende de como vamos sair dessa crise. Em alguns momentos da história, logo após a recessão o ano seguinte voltou a registrar um aumento das emissões, mas em outros momentos, os setores impactados se reinventaram e se recuperaram a partir de métodos mais sustentáveis.
Como por exemplo quando o setor elétrico europeu foi fortemente afetado pela recessão financeira em 2008 e a demanda por energia caiu drasticamente. Quando a demanda começou a se recuperar, ela ou a ser suprida pela energia solar e eólica, que receberam grandes investimentos e cresceram o suficiente para suprir a demanda.
A redução de emissões na quarentena pausou o aquecimento global? ️
— Carolina Barnez Gramcianinov (@CGramcianinov) June 5, 2020
O gráfico abaixo mostra que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera medida no mês de Maio é a mais alta da história. [segue o fio] #keelingcurve pic.twitter.com/nFZI0Wy8VF
É muito importante termos em mente que emissão é diferente de concentração! Apesar de termos observado uma redução de emissões de CO2 nesse ano, podemos registrar novos recordes de concentração de CO2. Como, infelizmente, foi observado no último mês de maio que registrou uma concentração de 417 partes por milhão de CO2 na atmosfera.
Portanto, apesar de registrarmos uma significativa queda nas emissões, a concentração de CO2 na atmosfera continuará aumentando enquanto continuarmos emitindo, e nunca se estabilizará até atingirmos a emissão zero de CO2, ou seja, pararmos de emitir carbono para a atmosfera!