Uma pesquisa realizada com dados do Hemisfério Norte (HN) indicou que a frequência e a extensão das ondas de calor aumentaram, agora elas chegam a lugares que eram incomuns, atingindo regiões que correspondem aos territórios da Mongólia e do Irã.
O estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade do Estado de Washington, nos Estados Unidos, que concluiu que ondas de calor gigantes e simultâneas foram sete vezes mais comuns na década de 2010 quando comparadas aos anos 1980.
O foco da pesquisa era o Hemisfério Norte, mais suscetível às mudanças climáticas, e foi publicada online na última quarta-feita (19), na revista científica Journal of Climate.
Os cientistas analisaram dados fornecidos pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF). O modelo recolhe informações de estações meteorológicas na terra, na água e até no espaço fornecidas por satélites. A análise utilizou dados a partir de 1979, já que foi só a partir daquele ano que as informações de satélites aram a ficar disponíveis.
Segundo pesquisadores, foi possível observar a frequência, a intensidade e a extensão das ondas de calor que se formaram simultaneamente e atingiram o HN entre 2010 e 2019. Como resultado, em média, houve fenômenos concomitantes em 143 dias de cada ano, é como se tivesse um a cada dia dos 153 dias dos meses mais quentes do ano, que vão de maio a setembro.
Com relação à intensidade dessas ondas simultâneas, houve um aumento de 17%, o que significa que elas ficaram mais quentes. Já a extensão geográfica aumentou em 46%.
Por definição, uma onda de calor são eventos climáticas de alta temperatura que duram pelo menos três dias e cobrem cerca de 1,6 milhão de km². Essa extensão, por exemplo, corresponde aos territórios do Irã e da Mongólia.
Esse tipo de fenômeno atinge especialmente o leste da América do Norte, o leste e norte da Europa, o leste da Ásia e o leste da Sibéria. O maior risco dessas ondas de calor simultâneas, segundo Cassandra Rogers, autora principal do estado, é que elas deixam diferentes regiões de um mesmo país vulneráveis ao mesmo tempo, ou seja, um Estado não consegue dar e ao outro quando ocorrem queimadas ou safras inteiras se perdem - duas consequências bem comuns das ondas de calor.
Quando se trata da principal causa dessas ondas de calor extremas e simultâneas, o estudo publicado na Journal of Climate é bem taxativo: o problema é o aquecimento global.
No último século, o planeta aqueceu 1°C, e o aumento foi ficando cada vez mais acentuado a partir de 1975. Os pesquisadores alertam para a necessidade de políticas que reduzam a emissão de gases e mitiguem as mudanças climáticas, algo que não é discutido há pouco tempo. São anos sabendo e reconhecendo os problemas e as causas, mas e as ações de combate?
Deepti Singh, coautor do estudo, afirma que é importante entender como podemos reduzir nossa vulnerabilidade e adaptar nossos sistemas para serem mais resilientes a esses tipos de eventos de calor que têm impactos sociais em cascata.