A intensidade e a frequência das chuvas extremas está aumentando exponencialmente com o aquecimento global - em taxas muito maiores do que os cientistas esperavam. Esta é a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores do Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK), da Alemanha.
A análise revelou que até mesmo os modelos climáticos de última geração estão subestimando as precipitações extremas causadas pelo aquecimento global.
O problema disso é que os impactos climáticos na sociedade são, geralmente, calculados usando modelos que não estão refletindo de maneira correta as chuvas extremas reais que ocorrem no planeta. Mais especificamente, o estudo sugere que as mudanças computadas pelos modelos climáticos estão subestimando os extremos de chuva em comparação às observações históricas.
A conclusão veio após uma análise minuciosa de 21 modelos climáticos de última geração (CMIP-6), comparando as mudanças projetadas pelos modelos com as mudanças de fato registradas nos últimos anos. O método estatístico aplicado baseia-se em técnicas de filtragem de padrões, que permitem separar quais as mudanças são forçadas por emissões humanas de poluentes e quais não são.
Isso significa que episódios extremos de chuva intensa podem aumentar, em intensidade e frequência, muito mais do que os cientistas esperavam. O resultado será um impacto muito mais profundo no bem-estar social, na economia e na estabilidade social.
Além de causarem diversos problemas óbvios, como inundações e deslizamentos, os episódios de chuva extrema também causam efeitos mais sutis no planeta, como a mudança na disponibilidade de água subterrânea. No fim das contas, as mudanças podem ocasionar perdas consideráveis de dinheiro e de vidas.
Outra observação que os pesquisadores fizeram é de que nem todas as regiões do globo verão aumentos tão intensos nas chuvas extremas. As regiões mais atingidas serão as tropicais. Mudanças significativas ocorrem nos trópicos e em latitudes altas - Como no sudeste asiático e no norte do Canadá.
A boa notícia é que o fato de que estas mudanças seguem a relação Clausius-Clapeyron torna mais fácil prever o futuro das chuvas extremas. A má notícia é que a situação vai piorar muito mais do que o imaginado se a emissão de gases do efeito estufa não for controlada.
Referência da notícia:Maximilian Kotz, Stefan Lange, Leonie Wenz, Anders Levermann. Constraining the pattern and magnitude of projected extreme precipitation change in a multi-model ensemble. Journal of Climate, 2023.