Junho de 2024 foi o 13º mês consecutivo em que as temperaturas globais bateram recordes, de acordo com o serviço de monitoramento das mudanças climáticas da União Europeia (UE).
O Serviço Copernicus de Mudanças Climáticas (C3S) da UE utiliza milhões de medidas de satélites, de navios, aeronaves e de estações meteorológicas em todo o mundo para compilar relatórios mensais sobre o estado do clima global.
Os seus dados revelam que junho ado foi globalmente mais quente do que qualquer junho anterior já registrado, com temperaturas médias do ar de 16,6°C, 0,67°C acima da média do mês de junho no período 1991-2020, e 0,14°C acima do máximo anterior estabelecido em junho do ano ado.
June 2024 marks 12th month of global temperatures at 1.5°C above pre-industrial levels.
— Copernicus ECMWF (@CopernicusECMWF) July 12, 2024
Globally, it was the warmest June in the #ERA5 record and the 13th month in a row that was the warmest in the ERA5 record for the respective month of the year.
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Junho de 2024 também ficou 1,5°C acima da média estimada de junho para o período 1850-1900, a era anterior à utilização dos combustíveis fósseis como referência no Acordo de Paris, o acordo internacional para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs).
Embora este seja o 12º mês consecutivo em que este limite é ultraado, as conclusões não significam que os líderes mundiais não tenham conseguido cumprir o objetivo internacional de evitar que o planeta aqueça 1,5°C até ao final do século, uma vez que este é medido em relação a 20 ou 30 anos, e não a um único período de 12 meses.
No entanto, a tendência está causando um aumento de condições meteorológicas extremas relacionadas com as mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis.
“A indústria dos combustíveis fósseis está causando perdas e danos generalizados e irreversíveis ao continuar operando enquanto ignora os impactos climáticos”, disse Avinash Kumar Chanchal, diretor de campanha do Greenpeace do sul da Ásia.
“As empresas poluidoras devem pagar pelos danos que causaram para que as comunidades possam se adaptar aos impactos das mudanças climáticas”, acrescentou ele.
Um aquecimento global de 1,5°C irá destruir 70-90% dos recifes de corais tropicais, enquanto um aquecimento de 2°C irá eliminá-los quase completamente, de acordo com os cientistas.
Na Europa, embora o mês ado tenha sido o segundo junho mais quente de que há registros, as temperaturas estiveram próximas ou abaixo da média na Europa Ocidental, na Islândia e no noroeste da Rússia. Na região sudeste europeia e na Turquia, elas ficaram um pouco mais acima da média.
Fora da Europa, as temperaturas ficaram principalmente acima da média no leste do Canadá, oeste dos Estados Unidos e México, Brasil, norte da Sibéria, Médio Oriente, norte da África e oeste da Antártica.
As temperaturas da superfície do mar também estão batendo recordes: a média de junho de 2024 foi de 20,85°C, a mais alta já registrada para o mês, e o 15º mês consecutivo quebrando recordes.
A cobertura de gelo marinho no Ártico estava 3% abaixo da média, enquanto o gelo marinho na Antártica estava 12% abaixo da média.
Carlo Buontempo, diretor do Serviço Copernicus para as Mudanças Climáticas, afirmou: “Isto é mais do que uma estranheza estatística e destaca uma mudança grande e contínua no nosso clima”.
“Mesmo que esta série específica de extremos termine em algum momento, provavelmente veremos novos recordes quebrados à medida que o clima continuar aquecendo. Isso é inevitável, a menos que paremos de adicionar gases de efeito estufa na atmosfera e nos oceanos”, disse ele.