Desde a virada de ano, a configuração atmosférica de grande escala está favorecendo a ocorrência de trovoadas acompanhadas por chuvas fortes na Região Sudeste do Brasil. Estas chuvas estão associadas ao desenvolvimento de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) desorganizada.
Na noite da última sexta-feira (3), um temporal atingiu Belo Horizonte provocando muitos impactos na capital mineira. A chuva forte obrigou a Defesa Civil a fechar a Avenida Vilarinho que dá o ao norte da cidade. A medida preventiva se deu pelo risco de transbordamento do córrego desta avenida. Cerca das 21h30, a avenida já estava inundada. Além da Vilarinho, outras avenidas também registraram alagamentos, como é o caso da Padre Pinto na região de Venda Nova e a Professor Clóvis Salgado, próximo da Pampulha. No bairro Ipanema, a correnteza tomou as ruas da Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, deixando carros ilhados.
Lama na avenida Vilarinho nesta manhã de sábado (4) após chuva forte e inundação da sexta-feira à noite em Belo Horizonte. Fonte: G1 pic.twitter.com/S3OHG6jceS
— Bruno César Capucin (@BrunoCapucin) January 4, 2020
Embora não houve vítimas, um dos casos mais dramáticos se deu na Rua Doutor Álvaro Camargos, no bairro Santa Branca, quando pai e filho ficaram ilhados no teto do carro preso a um poste em meio a correnteza. Felizmente, os dois foram resgatados sem ferimentos. A chuva e os ventos fortes ainda derrubaram postes e árvores na região da Pampulha. Na manhã de ontem (4), foi possível ver estragos deixados pela chuva forte. Diversos trechos de Belo Horizonte amanheceram alagados. Equipes de limpeza, da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Empresa de Transporte e Trânsito (BHTrans) trabalharam para minimizar os impactos da chuva da sexta à noite.
Queda de poste na região da Pampulha na manhã deste sábado (4). Fonte: G1 pic.twitter.com/ZdmAMpCVAP
— Bruno César Capucin (@BrunoCapucin) January 4, 2020
Os maiores acumulados de precipitação (da manhã de sexta até a manhã do sábado) estão exatamente nas regiões que tiveram problemas com inundações e alagamentos. Venda Nova teve 88,6 mm, ficando atrás apenas da estação da Pampulha que registrou 9,6 mm.
Perturbações de médios níveis manterão os ventos quentes e úmidos da Amazônia em direção ao Sudeste do Brasil, alimentando às trovoadas de verão pelo menos até a próxima terça-feira na região de BH, onde ainda existe o risco de chuva forte.
Precipitação, nuvens e ventos em superfície previstos pelo modelo ECMWF até o próximo dia 7 de janeiro. pic.twitter.com/EeHqGzUJXf
— Bruno César Capucin (@BrunoCapucin) January 4, 2020
No entanto, uma mudança no padrão de nível superior posicionará um sistema de alta pressão sobre o centro-leste do país e o fluxo úmido de norte em direção aos Pampas. Contudo, a função deste anticiclone não será impedir completamente a convecção em Minas Gerais, mas dificultá-la. Em outras palavras, significa que as chuvas podem ser mais isoladas, mas localmente podem vir fortes.
De acordo com o modelo numérico GFS, a primeira quinzena de janeiro pode fechar com acumulados de chuvas próximos de 300 mm na região de Belo Horizonte.