Todos os anos, desde sua descoberta nos anos 80, as principais instituições científicas do mundo acompanham o surgimento e evolução do buraco que se forma na camada de ozônio que se concentra sobre a Antártica nos altos níveis da atmosfera (estratosfera), através do monitoramento de dados de satélites e balões atmosféricos.
Essa camada de ozônio é o principal escudo protetor da Terra contra os nocivos raios ultravioletas (UV) vindos do Sol. Porém, anualmente um buraco se abre nessa camada, devido a processos químicos influenciados pela concentração de gases chamados clorofluorcarbonos, os CFCs, emitidos pela atividade humana no ado, prejudicando seu efeito de proteção e colocando em risco a vida na Terra.
O ciclo anual do buraco de ozônio já é bem conhecido e acompanha as mudanças de estações sobre a Antártica, já que seu processo de formação depende da incidência de raios solares nesta região do planeta. Geralmente o buraco começa a se abrir no mês de agosto, atinge sua máxima extensão entre o início de setembro e meados de outubro e começa a se fechar a partir de novembro, fechando completamente em dezembro e permanecendo assim até julho do ano seguinte.
Desde o estabelecimento do Protocolo de Montreal em 1987, que proibiu o uso de CFCs, tem sido observado uma gradual diminuição da extensão anual do buraco indicando uma recuperação da camada de ozônio estratosférica, inclusive espera-se que a camada de ozônio se recupere totalmente nas próximas décadas. Por isso, esse acordo internacional é considerado um dos mais bem sucedidos do mundo!
De acordo com a NASA, o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica atingiu sua máxima extensão neste ano no dia 21 de setembro, quando atingiu uma área de 26 milhões de quilômetros quadrados (km²), tamanho maior que toda extensão territorial do continente norte-americano!
Pelos registros históricos da NASA, que datam desde 1979, este é o 12° maior buraco na camada de ozônio dos registros, sendo considerado um buraco de ozônio “muito modesto”, de acordo com especialistas da agência.
Segundo esses especialistas, a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai em janeiro de 2022, que lançou uma grande quantidade de vapor d’água na estratosfera, provavelmente contribuiu para a destruição de ozônio sobre a Antártica neste ano, contribuindo para o aumento do buraco.
Each year, the hole in the ozone layer grows during Antarctic winter, reaching a maximum extent. In 2023, the ozone hole continued a trend of shrinking maximums, due to declining levels of ozone-depleting chemicals & weather in the Antarctic stratosphere.https://t.co/4ZMNBmQBmd pic.twitter.com/dSQMMtk4f8
— NASA Goddard (@NASAGoddard) November 2, 2023
“Se Hunga Tonga não tivesse explodido, o buraco na camada de ozônio provavelmente seria menor este ano”, disse Paul Newman, líder da equipe de pesquisa de ozônio da NASA. “Sabemos que a erupção atingiu a estratosfera antártica, mas ainda não podemos quantificar o impacto do buraco na camada de ozônio.”
Outra característica relevante do buraco de ozônio formado neste ano é que ele se abriu mais cedo do que o esperado, já no início de agosto, ficando bem amplo entre o final de agosto e início de setembro, até atingir sua extensão máxima no dia 21 de setembro. Em compensação, o buraco também começou a se fechar mais cedo que o esperado, já no final de setembro e início de outubro, mostrando agora uma gradual diminuição.
Pela série histórica da NASA, os maiores buracos na camada de ozônio já registrados ocorreram nos anos de 2000 e 2006, quando atingiram áreas de 29.9 e 29.6 milhões de km², respectivamente. Os menores foram registrados no início da série de dados, após a descoberta do fenômeno, na virada dos anos 80, quando o tamanho não superava os 10 milhões de km².
This year's ozone hole in the stratosphere over Antarctica was "modest" in size as the 12th-largest since satellite records began in 1979. The hole ramped up earlier than usual, probably linked to the 2022 submarine eruption of Hunga-Tonga volcano. https://t.co/vXUkWJi9iN pic.twitter.com/fJIABEKj8g
— NOAA Climate.gov (@NOAAClimate) November 1, 2023
A partir dos anos 90 as dimensões do buraco na camada de ozônio sempre foram superiores a 20 milhões km², com os maiores valores sendo registrados na primeira década do anos 2000. Desde então, tem sido observada uma pequena tendência de diminuição a partir de 2015, com dois anos registrando valores inferiores a 20 milhões de km², como foram os anos de 2017 e 2019, que registraram buracos de 19.6 e 16.4 milhões de km².