A missão DART da NASA atingiu com sucesso o asteroide Dimorphos nesta segunda-feira (26). A espaçonave foi completamente destruída pelo impacto e o asteroide teve sua órbita levemente alterada - Ou, pelo menos, assim esperam os cientistas.
O objetivo da missão DART era coletar dados e evidências de que é possível desviar a trajetória de um asteroide. Trata-se do primeiro teste de um mecanismo de defesa planetária, que está sendo desenvolvido para proteger a Terra de rochas espaciais em rota de impacto.
Impresionante la secuencia de imágenes que hemos podido ver!!#DARTMission #DART pic.twitter.com/3DZbzDbG9E
— Space Nøsey (@SpaceNosey) September 26, 2022
Agora que o DART cumpriu seu papel, no entanto, a ciência está apenas começando. Os astrônomos tem muitos dados para analisar e esperam entender o quanto o impacto desviou o Dimorphos, com relação a Didymos, além de aprender mais sobre a sua estrutura e composição interior.
Duas semanas antes do impacto, o DART soltou um cubesat (mini-satélite) projetado por italianos, chamado Light Italian Cubesat for Imaging of Asteroids (LICIACube). Navegando três minutos atrás do DART, ele ou por Dimorphos e captou as consequências imediatas do impacto.
Os dados coletados pelo LICIACube nos dirão muito sobre o material ejetado do asteroide pelo impacto. Ainda assim, levará dias, ou até mesmo semanas, para a poeira assentar literalmente e para Dimorphos se estabilizar em sua nova órbita em torno de Didymos. Até lá, o LICIACube já terá ido embora, perdido para o espaço profundo.
ATLAS observations of the DART spacecraft impact at Didymos! pic.twitter.com/26IKwB9VSo
— ATLAS Project (@fallingstarIfA) September 27, 2022
Portanto, cabe agora aos telescópios terrestres e aos telescópios espaciais Hubble e James Webb acompanhar o que vai acontecer com a órbita de Dimorphos. Mas esse é, por si só, um grande desafio: As rochas estão tão distantes e tão próximas umas das outras que é impossível observá-las separadamente.
O truque é que, juntas, as duas rochas espaciais formam o que os astrônomos chamam de binário eclipsante. Quando um objeto a na frente do outro, o eclipse faz sua luz combinada diminuir, e o período entre mudanças no brilho nos diz o tempo que leva para Dimorphos orbitar ao redor de Didymos.
Assim, os cientistas já conseguirão medir, ao longo das próximas semanas, se o impacto do DART conseguiu mudar o tempo de órbita do Dimorphos ou não. Mas muitas perguntas ainda permanecerão em aberto.
Target: 65803 Didymos
— JWST Photo Bot (@JWSTPhotoBot) September 27, 2022
Observation Title: Near-Earth Objects
Instrument: NIRCAM
Filter: F070W
Observation Start Time: 2022-09-27 03:00:16.535
Exposure Time: 00h:05m:12.336s
ObjID: 180056717#JWSTPhoto pic.twitter.com/vLIMjjUyCC
Por exemplo, será que o impacto desestabilizou a rotação do asteroide? Será que os destroços do impacto chegaram ao asteroide maior, Didymos, alterando sua forma ou sua rotação? Essas são questões que precisam ser levadas em consideração para que a abordagem possa ser aplicada a outros asteroides no futuro.
Por isso, em breve, o cetro será ado para a missão Hera, da Agência Espacial Européia. Hera será lançada em 2024 e alcançará Dimorphos em 2026, podendo finalmente observar diretamente as consequências do sacrifício do DART.
Hera será capaz de medir o diâmetro e a profundidade da cratera, além de determinar a composição e a massa exata de ambos os objetos. Por enquanto, o fato é que qualquer coisa pode ter acontecido, e só descobriremos de fato o resultado da missão em 2026.