Existem cerca de 430 espécies de serpentes no Brasil, que vivem no solo, nas árvores ou em corpos d’água doce. O Instituto Butantan é um centro de pesquisa científica e produção de imunobiológicos no país, que abriga mais de mil serpentes, e todas recebem atenção especial.
E uma espécie de serpente endêmica (que não ocorre em nenhum outro lugar no mundo) da Ilha da Queimada Grande, conhecida popularmente como 'Ilha das Cobras', será estudada na nova sede do Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEv) do Instituto Butantan. Trata-se da rara e temida jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), uma das cobras mais peçonhentas e perigosas do mundo.
A nova sede do LEEv do Butantã é um espaço com mais de mil metros quadrados dedicado a ações e estudos voltados à conservação de serpentes ameaçadas de extinção – especialmente as nativas de ilhas litorâneas brasileiras.
O local foi inaugurado em 21 de fevereiro deste ano e desde o dia 25 daquele mês começou a receber o público do Parque da Ciência Butantan por meio de visitas guiadas. No total, mais de 20 espécies, entre serpentes, lagartos e quelônios, poderão ser observadas ao longo da visita.
Esta sede é um complexo em meio à natureza que abrange quatro blocos independentes de pesquisa. O local terá um reptário para a manutenção de quelônios e lagartos e um viveiro de serpentes. Além disso, a estrutura vai contar com um recinto dedicado à conservação da jararaca-ilhoa, um tipo de viveiro de 250 metros quadrados.
Este viveiro inovador, além de contribuir com novas pesquisas sobre a espécie, também é uma forma de garantir a conservação da jararaca-ilhoa, que está entre as espécies criticamente ameaçadas de extinção. Agora, acompanhe abaixo as informações relevantes sobre esta espécie.
Acredita-se que a jararaca-ilhoa se adaptou à Ilha de Queimada Grande devido a um isolamento geográfico no período da glaciação. As populações ancestrais das jararacas teriam acabado isoladas em ilhas da costa do Brasil, por conta do fim da era glacial. Naquela época, cerca de 10 mil anos atrás, grandes massas de gelo derreteram e cobriram de água partes de terra que se ligavam ao continente.
Como nas ilhas as condições são bem distintas, com o tempo as serpentes aram a acumular mutações que foram benéficas para a sua sobrevivência na ilha, resultando em uma espécie única insular e distinta da do continente.
A jararaca-ilhoa tem coloração amarelada, corpo esguio e delgado, cauda maior e tamanho menor do que as jararacas do continente (cerca de 80 centímetros de comprimento). Possui hábito arborícola, com facilidade de se enrolar e se agarrar nas árvores, escalando-as nas alturas. Se alimenta de pequenas aves.
São animais vivíparos e o acasalamento da espécie ocorre entre março e julho, quando nascem em média 10 filhotes. E outra característica que a difere da jararaca do continente é que ela retém a ave capturada na boca até o veneno matá-la, ao contrário das do continente, que picam suas presas no chão e soltam imediatamente, perseguindo seus rastros até encontrá-las imobilizadas pelo veneno.
O que são as raras e temidas jararacas-ilhoas, alvo de estudo inédito do Butantã. 21 de abril, 2025. Redação/G1.
Nova serpente é descoberta no litoral de SP e será alvo de estudo do Instituto Butantan; conheça. 23 de abril, 2025. Gyovanna Soares.
Ciência a olhos vistos: Butantan inaugura complexo de laboratórios que fomenta a conservação de espécies e a interação com o público. 21 de fevereiro, 2025. Natasha Pinelli.