O mês de fevereiro de 2025 será marcado por condições climáticas extremas no Brasil, trazendo desafios para os agricultores em diferentes regiões. A atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) provocará chuvas intensas em partes do Centro-Oeste, Sudeste e Norte, enquanto uma onda de calor castigará o Rio Grande do Sul. Essas oscilações climáticas ocorrem justamente quando diversas culturas estão em estágios críticos de crescimento ou colheita, aumentando o risco de perdas e comprometendo a produtividade nacional.
Mas o que isso significa para os principais cultivos do país? Como os produtores de soja, milho, arroz, café e cana-de-açúcar devem se preparar para enfrentar esse cenário? Neste artigo, analisamos o impacto dessas condições climáticas nos estágios fenológicos dessas culturas e o que pode ser feito para minimizar os prejuízos.
As precipitações volumosas causadas pela ZCAS podem beneficiar lavouras que ainda estão em desenvolvimento, mas trazem grandes preocupações para os agricultores que se preparam para a colheita.
O excesso de umidade pode afetar a qualidade dos grãos, aumentar a incidência de doenças como a ferrugem asiática e dificultar o o às lavouras para a colheita. Caso as chuvas se prolonguem, existe o risco de perdas significativas na produtividade.
O milho, por sua vez, apresenta um quadro misto. No Rio Grande do Sul, cerca de 68% da safra já terá sido colhida até fevereiro, mas a parcela remanescente pode sofrer impactos negativos caso as chuvas sejam excessivas. No Centro-Oeste, onde a segunda safra (safrinha) começa a se desenvolver, a umidade elevada pode ser benéfica para a germinação e o crescimento inicial das plantas. No entanto, tempestades severas podem provocar acamamento, prejudicando o rendimento final.
A produção de café, especialmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, pode sofrer impactos diretos com as chuvas intensas de fevereiro. O excesso de umidade favorece o desenvolvimento de doenças como a ferrugem-do-cafeeiro, podendo comprometer a qualidade dos frutos em formação. Além disso, chuvas prolongadas podem afetar o enchimento dos grãos e desuniformizar a maturação, o que dificulta a colheita nos meses seguintes e reduz a competitividade do produto no mercado internacional.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, os produtores de arroz enfrentam um problema oposto: o calor extremo. Em fevereiro, a cultura entra nos estágios finais de enchimento de grãos e maturação, sendo altamente sensível ao estresse térmico.
Além disso, a exposição a ondas de calor pode afetar a polinização e diminuir os rendimentos, tornando essencial um manejo preciso da irrigação para minimizar as perdas.
A cana-de-açúcar, cultivada principalmente em São Paulo, Paraná e Alagoas, está em diferentes estágios de desenvolvimento em fevereiro, variando conforme o calendário de plantio adotado pelos produtores. Para lavouras em fase de crescimento vegetativo, as chuvas intensas podem ser benéficas, favorecendo o acúmulo de biomassa e garantindo bons rendimentos na colheita futura.
No entanto, para áreas onde a colheita já está em andamento, o excesso de precipitação pode trazer complicações. Solos encharcados dificultam o o das máquinas agrícolas, reduzindo a eficiência operacional e aumentando os custos de produção. Além disso, altos níveis de umidade podem impactar a qualidade da matéria-prima, reduzindo os teores de sacarose na cana e afetando diretamente a produção de açúcar e etanol.
O mês de fevereiro de 2025 se desenha como um período de grandes desafios para o setor agrícola brasileiro. Enquanto as chuvas da ZCAS podem beneficiar algumas lavouras, como o milho safrinha e a cana em crescimento, elas também aumentam os riscos de doenças e perdas na soja e no café. Já o calor extremo no Sul pode comprometer a produtividade do arroz e exigir maior atenção ao manejo hídrico.
Diante desse cenário, os agricultores precisam estar preparados para tomar decisões rápidas e eficazes. O monitoramento climático, o manejo fitossanitário adequado e o planejamento da colheita serão fundamentais para minimizar os impactos negativos e garantir a estabilidade da produção em um período de forte instabilidade climática. O clima pode ser imprevisível, mas a estratégia certa pode fazer toda a diferença.